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Acerca das falácias liberais sobre o feminismo.

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Existe um esforço por parte das feministas liberais em propagar certas ideias sobre o movimento, com o suposto objetivo de desmistifica-lo, despertando assim o interesse de cada vez mais mulheres sobre o assunto. O que acontece, em realidade, é uma desvirtuação dos ideais originais, perdendo as bases materialistas e pendendo agora ao reformismo e ao gozo de se dizer livre quando não se é.
Feminismo liberal da terceira onda não é nada mais que o próprio patriarcado tomando uma forma mais sutil, florida e cor-de-rosa.


Por fazer o trabalho de reforçar ideias patriarcais, esse feminismo totalmente degustável vem conquistando espaço na grande mídia, a feminista pós moderna é garota propaganda de marcas de cosméticos, pregando incessantemente o consumo de produtos, ideias e práticas nocivas para as mulheres enquanto puro exercício de liberdade.

Mas não é verdade que “feminismo é sobre escolha”?

Não existe escolha para mulheres. A socialização feminina não nos permite o exercício da liberdade, pois desde a infância somos doutrinadas ao que estrategicamente chamaram de feminilidade, à maternidade e à heterossexualidade, romantizando-as e não nos deixando outra saída, para que mais tarde, na hora da “escolha”, acreditemos que tudo aquilo vem de berço e está, na verdade, em nossa “essência feminina”.

Feminismo é identidade ou lifestyle? É diferente para cada uma?

Dessa ideia derivam absurdos como “sou feminista e CONTRA o aborto” ou “sou feminista e de direita”. Sinto informar, mas estar trabalhando na sua autoestima e na sua suposta “independência”, apesar de ser muito bom e necessário, ainda não te faz feminista, o movimento não é só sobre você.

– Feminismo: movimento político social de pautas específicas construídas por e para nós e que são levantadas após análise da situação da mulher na sociedade como um todo.
– Feministas: são mulheres que concordam com essas propostas e lutam diariamente para sua concretização.

Com isso não quero me fazer inquestionável, porém se dizer feminista sem concordar com as principais pautas do movimento com argumentos que vão completamente contra seu objetivo é inadmissível.

O movimento feminista é para todos?

É comum que se escute as seguintes frases: “Machismo não, nem misoginia: SEXISMO”, “É dever do feminismo ajudar os homens a desconstruir o machismo”, “Nem todo homem, pare de generalizar”.

Isso vem da ideia de que homens também são atingidos pelo machismo, o que ignora todo o sistema de hierarquia sexual que coloca o macho enquanto superior. A partir do momento em que existe um grupo explorado existe um outro que leva vantagem disso, essa é uma ideia obvia que tem sido esquecida na terceira onda do feminismo, que responsabiliza um movimento de luta pela emancipação feminina pelo combate a todas as outras opressões.
Nada novo sob o sol, visto que no patriarcado a mulher sempre foi vista como naturalmente maternal e classificada como egoísta quando se recusa a deixar de lado as próprias questões em prol do sofrimento de outrem.

Mais sobre isso no video Porque o Everyday Feminism prejudica mulheres – por Magdalen Berns.

Mas e a igualdade?

As feministas liberais, principalmente as que estão começando agora, tem uma certa fixação pela palavra “igualdade”, pois querem provar aos homens que o feminismo não existe para atingi-los de forma negativa, quando na verdade a partir do momento em que se caminha para a libertação feminina, é impossível mantê-los em uma posição confortável, pois é necessário que a supremacia masculina seja derrubada, acabando com todos os privilégios.

A noção de “igualdade” é reformista e superficial, propaga-la é concordar que leis específicas, como Maria da Penha, não são necessárias, e que o alistamento militar obrigatório deve valer também para mulheres, ignorando a dominação masculina que continuaria sendo realizada da mesma forma.

“Se igualdade significa o direito a uma parcela igual dos lucros da tirania econômica, ela é inconciliável com a liberação.” – Germaine Greer

Foda-se a igualdade” (video de Germaine Greer)

E sobre empoderamento? Como ser “empoderada”?

Todo dia uma libfem diferente gritando “EMPODERE-SE, MANA”.

O empoderamento individual talvez seja a ideia libfem que mais tem passado despercebida entre os meios feministas.

A propagação dessa fantasia de que o poder “vem de dentro” é um desfavor, pois trata da opressão não como questão política e social, e sim como um problema existencial, levando meninas e mulheres a acreditarem que, sozinhas, são capazes de destruir suas próprias amarras (que além de tudo seriam diferentes para cada uma), quando na verdade conseguem no máximo florir as correntes, se enganar tornando algumas das opressões supostamente mais confortáveis.

O fato é que o termo “empoderamento” dentro do feminismo, originalmente, se referia a uma forma coletiva de poder, no qual uma mulher só é livre quando todas as outras também o puderem ser.

“Liberdade sexual”?????? Somos todas vadias?

Já pensou que louco um movimento inteiro de mulheres lutando pelo direito de serem chamadas de vadia e terem seus corpos objetificados? Foi por esse caminho que as adolescentes brancas burguesas e os machos de boa vontade levaram o feminismo. Afinal, o nosso único problema é MESMO o conservadorismo?
É importante procurar identificar quem vem se beneficiando com isso tudo. Desconfie de um feminismo que defende a prostituição e da indústria pornográfica , que explora sexualmente uma quantidade absurda de mulheres todos os dias, desconfie do cara legal militante de esquerda que incentiva tal “liberdade”.

Leia esse texto.

Por fim, não é exagero afirmar que o feminismo liberal nada mais é do que mais uma maneira que o sistema encontrou para que desconheçamos nossas amarras. Não deixemos que a representatividade nos faça mostrar os dentes, nem nos arranque suspiros de alívio. Não deixemos que o liberalismo destrua o movimento das mulheres.