feminismo

A representatividade entra na agenda progressista como o objetivo final de todas as ações. Mesmo que essas ações esbarrem em várias problemáticas as quais são o cerne da opressão dos corpos e acontecimentos. Podemos observar o body positive. Cito o body positive considerando o fato que fui muito beneficiada pelo mesmo.

Ultimamente a representatividade abre um leque de exposição que não debate a problemática a fundo, o prêmio final é a exposição, o mostrar, o ser visto e cobiçado. E além disso, comercializado.

A mesma vem se metamorfoseando em um caráter unicamente visual que também acaba gerando uma capitalização dessa representatividade.

Não existe extenso sobre o padrão de beleza, seus danos, o preconceito e discriminação com o corpo gordo que vem disfarçado com preocupação com a saúde. Existe algo que faça o corpo gordo ser consumível.

Existe a preocupação com a saúde, saúde essa que não sabem definir.

Mesmo que a doença do corpo magro nunca seja atribuída ao tamanho do mesmo e sim a outro sintoma.

O movimento vem para chamar a atenção para as pessoas gordas a não se encararem de maneira negativa, questionarem o padrão de beleza e a possibilidade da ocupação dos mesmos espaços das pessoas magras.

As intenções declaradas são de combate ao padrão de beleza, para que o mesmo seja extinto, considerando o dano psicológico que causa.

O movimento surgiu pra isso, a necessidade da eliminação do padrão de beleza, entretanto, o desejo oculto é de absorção pelo mesmo.

A saúde não entra nessa equação, nunca entrou. Primeiro é a capacidade de atração e depois, somente depois a saúde. Na verdade ela não é o objetivo final, como é alardeado. Ela só é um instrumento para conseguir um fim que é entrar no padrão de beleza, se situar nele.

Atualmente, a representatividade do corpo gordo toma um caráter de sensualidade e exposição em seu âmago. E não vai além, na maioria do tempo, como se fosse uma manobra para tornar o corpo maior que o padrão como desejável também mas sem nenhuma estratégia de excluir o desejo da equação.

A forma a qual o corpo desperta o desejo ainda é a moeda de valor oculta que se apresenta sob a forma de representatividade plena, pelo menos no caso do body postive.

Ainda somos expostas como consumíveis, o movimento incentiva que nos coloquemos sob esse consumo. Vem em uma crescente de corpos e exposições sem nenhum debate sobre as implicações. Querem que sejamos vistas, desejadas, fuckable.

Não podemos dizer que o aumento da auto estima não importa. Claro que importa!

Contudo não parece mais um combate ao padrão de beleza e sim a tentativa ferrenha de fazer parte dele.

O que se apresenta no momento é simplesmente uma ampliação de cardápio.

E o mais triste é que estamos satisfeitas com isso.