a morbimortalidade materna entre mulheres negras
A morbimortalidade materna entre mulheres negras

Considera-se morbimortalidade materna qualquer agravo ou óbito de gestantes ou puérperas (até 42 dias pós-gestação) decorrente de causa relacionada a gestação ou parto. Apesar de muitas vezes evitável, os números desse agravo no Brasil ainda são bastante significativos. Quando se fala nas principais vítimas, percebemos que são as mesmas mulheres vítimas de qualquer tipo de violência contra mulher em nosso país: as mulheres pretas e pardas. Em 2018, a razão de mortalidade materna no Brasil foi de 59,1 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos, número bem acima das metas firmadas com a ONU. Destas, 65% eram mulheres de cor preta ou parda. Dados coletados entre os anos de 2009 e 2019 mostram que as áreas mais afetadas são a região Norte e a Nordeste, regiões onde há maior predomínio de pessoas pretas e pardas.

E por que isso? Talvez o que explique esses dados não seja um fator isolado, mas, sim, uma combinação entre a dívida histórica que a população negra sofre e ainda está longe de ser reparada e a falta de olhar e cuidado a essas pessoas que ocupam o lugar de maior silenciamento e exclusão dentro da pirâmide social brasileira, aquelas que são duplamente oprimidas – primeiro por serem mulheres e segundo por serem pretas.

E qual é a grande reflexão que isso gera? A morbimortalidade materna é considerada indicador de acesso das mulheres aos cuidados de saúde e da capacidade do SUS de responder às suas necessidades, além de constituir uma violação dos direitos reprodutivos das mulheres. Se as mulheres pretas e pardas são as mais afetadas, isso reforça a falta de olhar a elas, atrelada a grande desigualdade racial em nosso país.

Fontes:

1. https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/mortalidade-materna-no-brasil-boletim-epidemiologico-n-o-20-ms-maio-2020/

2. https://www.scielo.br/j/csp/a/sW5LM59346pcKJ9XqZXLL6R/abstract/?lang=pt

3. https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-11/populacao-brasileira-e-formada-basicamente-de-pardos-e-brancos-mostra-ibge