Investigação de quatro anos do FBI mostra que a vasta maioria das prisões por consumo de pornografia infantil virtual envolve pessoas das classes mais altas.
Associados de um executivo do mecanismo de pesquisa Infoseek que foi preso por usar chat para provocar uma pessoa menor de idade podem ter ficado surpresos e chocados, mas o FBI não.
Ao que parece, o alto escalão de uma companhia conhecida e desenvolvida não é um local incomum para se encontrar um pedófilo online — ao menos, não de acordo com os registros sendo produzidos ao longo de uma operação de três anos do FBI de repressão à pornografia virtual.
Das 413 pessoas presas como parte da investigação da agência de “imagens inocentes” desde 1995, “apenas uma parte não são homens brancos, escolarizados e de classe média-alta”, disse o agente especial Pete Gulotta, que atua como o representante-chefe da investigação. “Quase todos eles são homens brancos entre 25 e 45 anos”.
Já pegamos oficiais militares de alta patente, pediatras, diretores de escola, e executivos”, Gulotta disse sobre os homens prendidos sob a investigação.
Lutas preventivas
Dos presos, 337 foram condenados por tráfico de pornografia infantil ou por usar a internet para solicitar crianças para sexo, disse Gulotta. A investigação começou, na verdade, em 1994, mas não foi divulgada publicamente pela agência até o ano seguinte.
A operação “Imagens Inocentes” é voltada para “retirar essas pessoas antes que ataquem”, que explica por que agentes frequentemente se passam por crianças em salas de bate-papo, atuando como isca para possíveis molestadores.
O projeto “Imagens Inocentes” foi iniciado pelo desaparecimento, em 1993, de um garoto de dez anos da cidade de Brantwood, Gulotta disse. Apesar de o garoto, George Burdinski, nunca ter sido encontrado, o FBI obteve informações conectando seu desaparecimento a uma rede de traficantes de pornografia infantil virtual, ele disse.
Gulotta negou firmemente as alegações de que os suspeitos estão caindo em “armadilhas” de agentes se passando por menores. Agentes na maioria das vezes entram em salas de bate-papo após terem pistas de que homens buscando parceiros sexuais jovens estão nas salas de bate-papo, apesar de, em alguns casos, simplesmente investigarem sites de bate-papo porque eles têm nomes que sugerem que atividade pedófila ocorre ali, ele disse.
Não uma armadilha
Tod Burke, um professor associado de justiça criminal da Radford University também defendeu a legalidade das táticas clandestinas do FBI, tal como aquelas usadas na prisão do executivo da Infoseek Patrick Naughton. No caso de Naughton, um agente do FBI o encontrou em uma sala de bate-papo, enquanto o agente se passava por uma garota de 13 anos, de acordo com a declaração jurada anexada ao caso.
“Os investigadores não estão forçando as pessoas a cometer atos criminais simplesmente estando presente na sala de bate-papo”, ele disse. “Esses indivíduos estão predispostos a cometer esses crimes”. As denúncias criminais seriam as mesmas se o suspeito originalmente contatasse a vítima em potencial por carta ou por telefone, adicionou Burke. (Nenhuma lei especificamente proíbe a pornografia infantil e a atividade pedófila na internet, uma vez que já são ilegais no mundo offline)
“Nada disso é novo”, disse Burke. “Usar um computador para se disfarçar é relativamente novo, mas por décadas antes isso era feito por serviços de carta” em que oficiais de justiça buscavam pedófilos, ele disse.
Tradução do texto de Maria Seminerio