Redstockings, também conhecido como Redstockings do Movimento de Libertação das Mulheres, é um grupo feminista radical que foi fundado em janeiro de 1969. O nome é uma brincadeira de esquerda ao “Blue Stockings”, um termo pejorativo para mulheres inteligentes, combinado com “red” (vermelho), por sua associação com a esquerda revolucionária.
I. Após séculos de luta política individual e preliminar, as mulheres estão se unindo para alcançar sua libertação final da supremacia masculina. A Redstockings se dedica a construir essa unidade e conquistar nossa liberdade.
II. As mulheres são uma classe oprimida. Nossa opressão é total, afetando todas as facetas de nossas vidas. Somos exploradas como objetos sexuais, procriadoras, empregadas domésticas e mão-de-obra barata. Somos consideradas seres inferiores, cujo único objetivo é melhorar a vida dos homens. Nossa humanidade é negada. Nosso comportamento prescrito é imposto pela ameaça de violência física.
Por termos vivido tão intimamente com nossos opressores, isoladas umas das outras, fomos impedidas de ver nosso sofrimento pessoal como uma condição política. Isso cria a ilusão de que o relacionamento de uma mulher com seu homem é uma questão de interação entre duas personalidades únicas e que pode ser trabalhado individualmente. Na realidade, todo relacionamento é de classe e os conflitos entre homens e mulheres são conflitos políticos que só podem ser resolvidos coletivamente.
III. Identificamos os agentes de nossa opressão como homens. A supremacia masculina é a forma mais antiga e básica de dominação. Todas as outras formas de exploração e opressão (racismo, capitalismo, imperialismo etc.) são extensões da supremacia masculina: os homens dominam as mulheres, alguns homens dominam o resto. Todas as estruturas de poder ao longo da história foram dominadas por homens e orientadas por homens. Os homens controlaram todas as instituições políticas, econômicas e culturais e apoiaram esse controle com força física. Eles usaram seu poder para manter as mulheres em uma posição inferior. Todos os homens recebem benefícios econômicos, sexuais e psicológicos da supremacia masculina. Todos os homens têm oprimido mulheres.
IV. Tentativas foram feitas para transferir o ônus da responsabilidade dos homens para as instituições ou para as próprias mulheres. Condenamos esses argumentos como evasões. Instituições por si só não oprimem; são meramente ferramentas do opressor. Culpar as instituições implica que homens e mulheres são igualmente vítimas, obscurece o fato de que os homens se beneficiam da subordinação das mulheres e dá aos homens a desculpa de que são forçados a ser opressores. Pelo contrário, qualquer homem é livre de renunciar à sua posição superior, desde que esteja disposto a ser tratado como mulher por outros homens.
Também rejeitamos a ideia de que as mulheres consentem ou são culpadas por sua própria opressão. A submissão das mulheres não é resultado de lavagem cerebral, burrice ou problema mental, mas da pressão diária dos homens. Não precisamos mudar a nós mesmas, mas mudar os homens.
A evasão mais caluniosa de todas é que as mulheres podem oprimir os homens. A base dessa ilusão é o isolamento das relações individuais de seu contexto político e a tendência dos homens de ver qualquer desafio legítimo a seus privilégios como perseguição.
V. Consideramos nossa experiência pessoal e nossos sentimentos sobre essa experiência como a base para uma análise de nossa situação comum. Não podemos confiar nas ideologias existentes, pois elas são todas produtos da cultura supremacista masculina. Questionamos toda generalização e não aceitamos nenhuma que não seja confirmada pela nossa experiência.
Atualmente, nossa principal tarefa é desenvolver a consciência de classe feminina através do compartilhamento de experiências e da exposição pública do fundamento sexista de todas as nossas instituições. A conscientização não é “terapia”, que implica a existência de soluções individuais e assume falsamente que o relacionamento homem-mulher é puramente pessoal, mas o único método pelo qual podemos garantir que nosso programa de libertação se baseie nas realidades concretas de nossas vidas.
O primeiro requisito para aumentar a consciência de classe é a honestidade, em privado e em público, conosco e com outras mulheres.
VI. Nós nos identificamos com todas as mulheres. Definimos nosso melhor interesse como aquele da mulher mais pobre e brutalmente explorada.
Repudiamos todos os privilégios econômicos, raciais, educacionais ou de status que nos separam de outras mulheres. Estamos determinadas a reconhecer e eliminar quaisquer preconceitos que possamos ter contra outras mulheres.
Estamos comprometidas em alcançar a democracia interna. Faremos o que for necessário para garantir que todas as mulheres em nosso movimento tenham a mesma chance de participar, assumir responsabilidades e desenvolver seu potencial político.
VII. Convocamos todas as nossas irmãs a se unirem a nós na luta.
Conclamamos todos os homens a renunciarem aos seus privilégios masculinos e a apoiarem a libertação das mulheres no interesse de nossa humanidade e da sua.
Na luta por nossa libertação, sempre estaremos do lado das mulheres contra seus opressores. Não perguntaremos o que é “revolucionário” ou “reformista”, apenas o que é bom para as mulheres.
O tempo para intrigas individuais acabou.
Desta vez, nós vamos até o fim.
Traduzido do History is a Weapon