Mulheres, abandonem o movimento LGBT
"Mulheres, se unam. Solidariedade com as lutas das mulheres em todo o mundo"

É compreensível que mulheres acreditem que possuem pautas em comum com a “comunidade” LGBT. Afinal, entre elas há lésbicas e mulheres bissexuais, e tal movimento supostamente as incluiria em sua militância. O discurso do movimento LGBT é sedutor — passa pela inclusão de toda e qualquer pessoa “desviante” sob o conceito guarda-chuva de diversidade, e pela luta por direitos e proteção. E é fato que homens gays sofrem preconceitos e que a homofobia é um problema sério, que ainda causa muita dor e morte, o que pode fazer parecer que, já que eles sofrem discriminação, deveriam ser assunto do movimento feminista.

Ignora-se, no entanto, que o que se chama de “comunidade” LGBT não existe materialmente falando, ou seja, não é concretizável. A sigla pretende contemplar pessoas com especificidades completamente diferentes e inclui todo e qualquer um que se reivindique “desviante”. Isso acontece porque o movimento LGBT é fundamentado em liberalismo, ou seja, abraça a individualidade e o identitarismo em detrimento do entendimento de classes, baseando-se em subjetividade em vez de numa análise da materialidade[1] das relações de poder.

Não é de se surpreender que, nessa miscelânea de pessoas e suas pautas, quem perca visibilidade e importância sejam as mulheres. Muitas mulheres que passaram pela experiência de militar em espaços LGBT experienciaram como todas as questões são principalmente sobre pessoas do sexo masculino. Nesses espaços, mulheres lésbicas e bissexuais não têm suas pautas sequer reconhecidas, e isso não acontece por acaso: a esquerda também é permeada pela lógica patriarcal que confere poder aos homens, tornando mulheres um mero adendo nos espaços de luta. Homens sempre serão priorizados em todos os movimentos, exceto no feminismo radical (que precisamente por esse motivo é perseguido).

Quando mulheres lésbicas e bissexuais percebem que são uma parcela ostracizada dentro da “comunidade” LGBT, o primeiro impulso é a reivindicação por uma inclusão, de fato, no movimento. Isso parece válido, mas ignora que os pontos-chave dessa militância são incompatíveis com ideais de uma verdadeira libertação para mulheres, já que sua base ideológica se desenvolveu não só desligada da análise antipatriarcal da sociedade, mas em oposição a ela — como veremos ao analisar seu contexto histórico.

É impossível travar uma discussão honesta e assertiva sobre sexualidade sem o entendimento feminista de que o patriarcado é a origem da perseguição a mulheres em função de sua sexualidade, através da heterossexualidade compulsória[2] — o regime político institucionalizado que visa manter o acesso de corpos masculinos a corpos femininos, em favor do sistema de opressão e exploração das mulheres. Ao recusar essa perspectiva e se fundamentar em teorias liberais, o movimento LGBT faz com que a corda arrebente do lado mais fraco, e as prejudicadas são, como sempre, as mulheres, que permanecem sofrendo a exploração material de suas capacidades laborais, emocionais e reprodutivo-sexuais, enquanto classe sexual feminina.

As teorias queer e, como consequência, o movimento LGBT, costumam utilizar a expressão heteronormatividade para se referir às pessoas desviantes da heterossexualidade compulsória. Para eles, a heteronormatividade é a norma social que produz o heterossexismo, ou seja, é a norma social que origina o preconceito contra sexualidades desviantes. Como feministas e lésbicas, analisamos a heterossexualidade compulsória não como sexualidade, mas como regime político de conformidade à manutenção do patriarcado. Ou seja, enquanto eles analisam a heterossexualidade como uma sexualidade-padrão que produz normas e, consequentemente, preconceitos, a gente a define como uma linguagem, que nos conduz ao cumprimento dos nossos papéis sexuais. Vamos analisar isso melhor mais adiante.

Um breve histórico

Sheila Jeffreys, pesquisadora lésbica feminista, em Unpacking Queer Politics (2003), desenvolve um histórico bastante fundamentado do contexto dos novos movimentos sociais dos anos 1960 e de qual foi o palco do surgimento do feminismo lésbico. O movimento de libertação gay, em sua origem, entendia que a homofobia era fruto do patriarcado, e só com a sua abolição a opressão dos homens gays e das mulheres lésbicas acabaria. Com isso, havia uma oposição ferrenha aos chamados papéis sexuais — estereótipos atribuídos a mulheres e homens, que são socialmente construídos para manter a supremacia masculina — , a masculinidade e a feminilidade. O movimento também se opunha à exploração sexual de homens gays na indústria do sexo e não se abstinha de questionar a própria cultura e como a heterossexualidade compulsória os fazia reproduzir comportamentos de dominação e submissão dentro de suas relações.

A opressão dos homossexuais e a opressão das mulheres eram ambas vistas como resultado da imposição do que era chamado de “papéis sexuais”. (…) Assim, ambos gays liberacionistas e feministas viam os papéis sexuais, o que agora é provavelmente chamado de “papéis de gênero”, como sendo construídos politicamente para assegurar a dominação masculina. Mulheres eram relegadas aos papéis sexuais femininos da esfera privada, nutrindo e se preocupando com o embelezamento do corpo a fim de ser um objeto sexual apropriado. Lésbicas eram perseguidas porque desafiavam o papel sexual feminino de passividade sexual e servidão ao homem. Homens gays eram perseguidos porque desafiavam o papel sexual masculino, o qual, além de requerer comportamento masculino, era fundamentado sobre a heterossexualidade e sexo com mulheres.
Sheila Jeffreys em Unpacking Queer Politics (2003)

Porém esse debate logo deu lugar a um outro tipo de militância, que celebrava os aspectos nocivos da cultura gay como uma experiência autêntica da homossexualidade. A masculinidade, que antes era algo a ser destruída, foi potencializada a ponto de ser criada uma prática que Marilyn Frye, filósofa feminista lésbica, em Politics of Reality: Essays in Feminist Theory (1983), chama de hipermasculinidade gay — a exaltação da masculinidade pela adoração ao falo, pelo ódio às mulheres, entre outros fatores. Termos misóginos para se referir à lésbicas, o ódio ao corpo das mulheres em oposição à adoração ao falo, o abandono das pautas feministas que alavancaram o início do movimento: tudo isso exauriu as lésbicas que tentavam construir conjuntamente.

Ao mesmo tempo, o movimento de libertação das mulheres também excluía lésbicas. Em 1969, a líder da NOW[3] (National Organization for Women), Betty Friedan, chamou as lésbicas que povoavam o movimento feminista de “ameaça lavanda” quando tentaram incluir suas questões, ignorando o fato de que lésbicas também lutavam por mulheres que se relacionavam com homens. Dentro desse contexto, o feminismo lésbico surgiu da debandada de lésbicas dos dois movimentos, como nos conta Jules Falquet, socióloga feminista francesa, em Romper com o tabu da heterossexualidade (2012). Ela diz que essa saída dos movimentos gay e de mulheres, e das demais organizações “progressistas”, ajudou a conferir autonomia ao movimento de lésbicas. Com essa autonomização, as lésbicas aprofundaram-se mais ainda na análise e na contestação da opressão masculina, e teorizaram sobre como destruí-la.

A comunidade gay perdeu o caráter revolucionário de forma gradual e resignou-se a buscar aceitação e inclusão na presunção de cidadania masculina. O casamento, antes questionado como mecanismo de submissão[4] das mulheres, virou reivindicação política. A construção social da sexualidade[5], crucial para o feminismo lésbico, foi substituída pelo discurso diametralmente oposto de inatismo da sexualidade[6]. Para lutarem por aceitação, homens passaram a afirmar que “nasceram assim” (born this way), por isso demandavam inclusão nas políticas públicas que os excluíam. O movimento deixava de advogar por uma mudança radical na sociedade e transformava-se num movimento raso por direitos civis.

É importante ressaltar que é muito mais fácil para homens gays se abster de um debate sobre estrutura, opressão e classes sexuais do que para mulheres, de qualquer sexualidade. Homens gays ainda são da classe sexual masculina e, portanto, ainda que sejam punidos por recusar a heterossexualidade compulsória, são beneficiados com os devidos privilégios, e não deixaram de pertencer à classe opressora das mulheres. Sua insatisfação com a sociedade, aliás, como ressalta Marilyn Frye, vem do entendimento de que seriam igualmente merecedores da clássica posição de poder do homem heterossexual, cujo acesso lhes é dificultado (embora não necessariamente negado).

Como a constituição dos movimentos de direitos dos gays é constantemente e definitivamente classificada e degradada como “feminina” ou “afeminada”, parece que uma lógica e orgulhosa estratégica política dos gays seria demandar cidadania enquanto “mulheres” — a estratégia de desafiar a presunção da cidadania masculina. Alguns indivíduos homens gays se inclinam a isso e, portanto, a um parentesco político com as mulheres, mas o movimento pelos direitos dos gays em geral tomou o curso de afirmar a masculinidade dos seus constituintes, supondo que a presunção dos direitos dos homens gays seguirá após o reconhecimento desta. Ao fazê-lo, eles concordam em apoiar a reserva de uma cidadania plena para os homens e, assim, alinham-se aos adversários políticos do feminismo.
Marilyn Frye em Politics of Reality: Essays in Feminist Theory (1983)

A política rasa sobre direitos civis do movimento gay escalou a partir do surgimento da teoria queer, nos anos 1990, que abraçava os já mencionados papéis sexuais enquanto performance, em vez de problematizar sua existência. Sheila Jeffreys aponta que a teoria queer surgiu em oposição ao feminismo lésbico. A lógica da adoção da palavra queer, que tenta apresentar uma suposta inclusão, mas que ignora as especificidades das mulheres, foi aplicada a todo o movimento: cada vez mais indivíduos estavam aptos a serem incluídos sem questionamento, com base em suas personalidades individuais, uma vez que eles se reivindicavam enquanto categorias políticas específicas.

O movimento LGBT, como é chamado hoje, é o suprassumo do liberalismo. Além de ignorar a análise de classes e apostar no individualismo e na subjetividade, ele é reducionista quanto ao motivo da nossa condição: na visão LGBT, pessoas que fogem à heterossexualidade compulsória seriam discriminadas por um motivo puramente moral. Isso faz com que qualquer pessoa que discorde de seus apontamentos seja tachada de moralista, assim como os conservadores — quando, na realidade, os conservadores utilizam o pânico moral e a defesa dos bons costumes como estratégia para mascarar seu verdadeiro interesse, que é a manutenção do patriarcado. Por exemplo, quando conservadores defendem a “família”, estão defendendo uma instituição patriarcal de exploração de mulheres, não o afeto genuíno entre pessoas com laços de parentesco.

É importante e, por isso papel das feministas, explicar a origem da nossa opressão, e não se satisfazer com argumentos que tentam moralizar nossas questões. Ao limitar a discriminação de pessoas desviantes dos papéis sexuais ou da heterossexualidade compulsória a uma questão moral, o movimento LGBT aposta em qualquer transgressão pura e simples enquanto estratégia de luta, independentemente do que ela signifique — transgressão essa que, como coloca Jeffreys novamente em Unpacking Queer Politics (2003), só pode existir em oposição ao moralismo e não subverte realmente a lógica patriarcal. O papel das feministas é justamente subverter essa lógica, desmantelá-la desde sua raiz.

A transgressão é um deleite dos poderosos, que podem se imaginar deliciosamente desobedientes. Ela depende da manutenção da moral convencional. Não haveria nada para ofender, e a deliciosa desobediência desapareceria se uma mudança social séria acontecesse. Os transgressores e os moralistas dependem mutuamente uns dos outros, em uma relação binária que derrota em vez de permitir mudança. Além disso, a transgressão depende da existência de subordinados sobre os quais a transgressão sexual pode ser dramatizada. Não é uma estratégia viável para a dona de casa, a mulher prostituída ou para a criança violentada. Estes são objetos da transgressão, não seus sujeitos.
Sheila Jeffreys em Unpacking Queer Politics (2003)

O atual movimento LGBT é fruto da traição do movimento gay ao movimento feminista e às lésbicas, e de sua resignação a conceitos liberais e capitalistas, que os encaravam e encaram como um nicho de mercado. Reivindicaram a palavra queer como termo guarda-chuva para todos os desviantes, ignorando que lésbicas precisaram lutar pela denominação de mulheres que amavam exclusivamente mulheres e pela inclusão de sua existência no movimento gay masculino. Jeffreys (2003) lembra que a experiência das lésbicas tem sido a de que palavras genéricas que teoricamente serviriam para incluir mulheres e homens desviantes, como gays homossexuais, acabam por significar apenas homens, em algum momento. Não à toa, livros inteiros foram escritos sobre a história da homossexualidade, em que lésbicas nem chegavam perto de serem citadas. Isso seria reflexo do poder sexual e econômico que homens possuem, o que acaba engolindo as políticas e realidades que concernem às lésbicas.

Ela lembra a luta das feministas lésbicas, que por 20 anos se esforçaram muito para fazer valer suas diferenças em relação aos homens gays, tentando trazer à tona as especificidades da luta das mulheres que se rebelaram e negaram subordinação ao sexo masculino, e, nesse momento, voltam a ser invisibilizadas pelas políticas queer: “A luta para incluir a palavra lésbica mal foi vencida quando as mesas foram viradas e as lésbicas foram enterradas novamente sob queer” (Jeffreys, 2003).

Velhas táticas e assimilação

O discurso vago de “inclusão” do movimento LGBT atrai mulheres principalmente porque fomos ensinadas a empatizar, o que torna difícil refutar a alegação de que há pessoas que precisam ser incluídas em todos os espaços nos quais há lésbicas e mulheres organizadas, especialmente quando essa alegação é baseada em chantagem emocional, e não em argumentos. “Nós sofremos, por isso precisamos ser incluídos no seu movimento”, já que no discurso liberal sofrimento e opressão são conceitos intercambiáveis. Quanto a isso, Marilyn Frye afirma que sofrimento e opressão são coisas diferentes, e que feministas não devemos abrir mão de reivindicarmos a palavra opressão:

Seres humanos podem ser miseráveis sem serem oprimidos, e é perfeitamente consistente negar que uma pessoa ou grupo é oprimido sem negar que eles têm sentimentos e que eles sofrem. Nós precisamos pensar claramente sobre essa palavra, “opressão”, e há muito mais atenuantes que vão contra esse tipo de uso arbitrário. Eu não quero ter que me ocupar de provar que mulheres são oprimidas (e que homens não são), mas eu quero deixar claro o que está sendo dito quando nós usamos essa palavra. Nós precisamos dessa palavra, desse conceito, e necessitamos que ele esteja bem afiado e definido.
Marilyn Frye, em Opressão (1983)

Esse tipo de chantagem emocional é uma armadilha muito engenhosa do patriarcado, que como sempre se adapta à resistência das mulheres. A socialização para a feminilidade, que nos empurra para a complacência e a maternagem, é usada contra a classe sexual feminina para manter-nos em silêncio sobre reivindicações com as quais nem sabemos se concordamos de verdade.

Mas não são apenas as velhas táticas sutis que mantém mulheres em silêncio dentro do movimento LGBT, lutando por pautas masculinistas e antimulher. A ameaça de violência masculina tem sido usada de forma muito eficiente para manter mulheres onde os homens as quiserem desde os primórdios do patriarcado, e é de se esperar que não seria tática desperdiçada pelo movimento LGBT. O medo de questionar certas pautas e premissas masculinas é uma realidade para as mulheres dentro do movimento, pois qualquer mulher que ouse discordar dessas ideias tem sido ameaçada de estupro, agressão física, exclusão e perseguição[7].

Em Breve resenha de algumas teorias lésbicas (2013), Jules Falquet nos lembra que, para viver corpo e sexualidade, mulheres e homens se encontram em situações bem diferentes, ainda que ambos sejam homossexuais. A utilização do termo lésbica ajuda a distinguir essas práticas que, embora estejam todas ligadas à homossexualidade, têm peso, valor, alcance e condições de possibilidades diferentes. Assimilar, ou seja, absorver as mulheres lésbicas e bissexuais no movimento LGBT sob a ideia de que todos os desviantes formam uma “comunidade”, sem levar em consideração suas pautas enquanto mulheres, é investir em uma massa de manobra acrítica, utilizada para advogar pelas pautas vazias que beneficiam pessoas do sexo masculino em detrimento das mulheres.

Mulheres do movimento LGBT raramente sabem suas próprias especificidades. Muitas lésbicas ainda se reivindicam gays, ou não usam o termo lesbofobia por acharem que é a mesma coisa que homofobia. Muitas mulheres bissexuais ainda acreditam que vivem a mesma realidade de homens bissexuais. Muitas mulheres acreditam que homens gays sofrem mais discriminação, e ignoram que as violências contra mulheres lésbicas e bissexuais mal são contabilizadas — justamente por elas não serem homens. Estupro corretivo, fetichização, marginalização econômica de lésbicas lidas como masculinas — nada disso é abordado. E, se analisarmos com atenção, nem haveria possibilidade de serem abordados num movimento que traz consigo tantas pautas e identidades.

Assimilar tantos grupos de pessoas diferentes numa massa acrítica e reivindicar novas “identidades” — assexualidade, demissexualidade, pansexualidade, as chamadas “identidades de gênero”, entre outras — baseadas na personalidade individual de cada um também demanda a nomeação de novas e inúmeras formas de “opressão”. Em tempos em que lemos cartazes em manifestações e capas de livros dizendo que essa é uma luta de “todas, todes e todos” contra a opressão, nos perguntamos: então, quem é o opressor? Foi papel da luta de mulheres investigar os papéis sexuais impostos pela classe opressora, e continua sendo nosso papel identificar e desmantelar seu poder. Não podemos nos deixar ser engolidas por movimentos de “inclusão”.

Esses conceitos liberais de novas “opressões” criam rachaduras entre as mulheres, na medida em que denominar novas categorias de pessoas “oprimidas” presume denominar novas categorias de dominação, o que resulta na ideia de que mulheres oprimiriam umas às outras de outras formas que não as de raça e classe. Com toda essa confusão impulsionada pela luta identitária e assimilacionista, temos hoje praticamente uma guerra entre mulheres bissexuais e lésbicas[8] dentro do movimento LGBT, fundamentada em rivalidade feminina e incentivada por pessoas do sexo masculino. Essa guerra não é ao acaso — não é à toa que quem guerreia dentro do discurso de comunidade são mulheres. Minar uniões entre mulheres é um projeto do patriarcado, que sempre se valeu da máxima “dividir para conquistar”.

O discurso de comunidade é sedutor a tal ponto que falar contra ele é considerado exclusão — e exclusão, dentro do discurso liberal, é algo abominável. Mas exclusão do quê? Do movimento feminista? Do movimento LGBT? Da luta de esquerda? Todos esses movimentos se misturam, apolitizados, sob a lógica liberal de que se deve lutar contra todas as opressões, impedindo que mulheres foquem em lutar pelas pessoas do sexo feminino, de todas as etnias, de todas as sexualidades. O movimento feminista é exclusionário, e isso é uma tática, não um defeito: são mulheres lutando por mulheres. Não é à toa que o movimento LGBT ignora classes sexuais: essa realidade material cria uma transversal no que chamam de comunidade, ameaçando sua agenda assimilacionista.

Por causa da realidade dessa cultura, os mundos que os clínicos chamariam de “homossexual” são muito diferentes para lésbicas e homens gays: nós desviamos de normas muito diferentes; nossos desvios estão situados em locais distintos na estrutura política e visão de mundo da supremacia masculina; nós não somos objetos das mesmas fobias e repugnâncias. Se algumas de nós sentem fios de simpatia nos conectando e, portanto, querem que nós sejamos causas “amigas”, a primeira coisa que deveríamos fazer é nos dedicarmos a entender as diferenças que nos separam. E porque essas diferenças se revelam tão profundas, elas põem em dúvida se existe sequer qualquer base para uma afinidade cultural e política sob as quais poderíamos construir alianças.
Marilyn Frye em Politics of Reality: Essays in Feminist Theory (1983)

Pautas reformistas e misóginas

Pisano, escritora e teórica feminista lésbica chilena, reafirma que, como foi dito anteriormente, o movimento LGBT perdeu de vista pautas como o fim do casamento e o fim da família, que são questões feministas desde o início do movimento, lutando no momento por inclusão na concepção de família patriarcal.

Atualmente o movimento lésbico-homossexual está em luta pela igualdade, sobretudo pelo direito a se casar e constituir família, a incorporar o casal lésbico ou homossexual dentro dos parâmetros do casal reprodutor, construindo simbolicamente a “família feliz”.
Margarita Pisano em O amor homo/lésbico, no livro Deseos de cambio, o… ¿el cambio de los deseos? (1995)

A família é uma instituição[9] que esconde sob a romantização de ligações afetivas o fato de que é a célula básica da sociedade patriarcal, sem a qual o patriarcado desabaria. Ela serve para manter as mulheres em relações próximas com seus opressores, realizando trabalhos laboral, emocional, reprodutivo e sexual não pagos, sem questionar.

Ao reivindicar que o conceito de família se expanda, ao invés de propor uma outra forma de organização social que não sirva para explorar mulheres, o movimento LGBT a legitima enquanto pauta de esquerda, e também dá margem para práticas nocivas como a barriga de aluguel[10], que nada mais é do que exploração reprodutiva de mulheres. A concepção de “família LGBT” é utilizada para legitimar o direito à paternidade de homens gays, mesmo que esse seja justificativa para exploração reprodutiva de mulheres pobres e racializadas ou de mulheres solícitas, impulsionadas pela socialização feminina.

Além da exaltação da família, o movimento LGBT também abraçou a concepção mais aceitável pelo patriarcado — e menos feminista, por consequência — da sexualidade. O feminismo lésbico politizou a própria sexualidade, entendendo que ela não é natural, ou exclusivamente biológica, mas construída numa sociedade patriarcal. A concepção de que a sexualidade é socialmente construída é, além de acertada, crucial para a análise feminista radical da sociedade. O movimento LGBT se afasta dessa premissa quando defende que pessoas desviantes nascem assim, escondendo-se no discurso de que não têm culpa pela própria desviância e buscando pela aceitação dessa coincidência biológica. É uma retórica mais palatável, uma vez que é incompatível com a análise feminista da compulsoriedade da heterossexualidade e com teorias feministas lésbicas sobre lesbianismo, não apresentando, portanto, risco ao patriarcado. Esse tipo de discurso nada revolucionário é útil para homens gays, principalmente, na busca pela sua aceitação reformista no status de cidadania masculina — mas, ao mesmo tempo, prejudica a luta das mulheres, que nunca serão prioridade dentro de um movimento misto.

Como consequência da despolitização das lutas, a análise crítica da sexualidade passa a ser interpretada como mero conservadorismo, como afirma Sheyla Jeffreys em Como as políticas do orgasmo sequestraram o movimento feminista (1996).

É tradição feminista e acúmulo de nossas pautas a crítica a tudo que acontece dentro das quatro paredes de um cômodo, é pauta do feminismo esmiuçar toda e qualquer forma de dominação patriarcal, e isso não exclui o âmbito privado, muito pelo contrário. Carol Hanisch, jornalista feminista radical, cunha o termo “O pessoal é político”, em 1969, na tentativa de politizar as relações de poder do espaço privado. Esse termo, ainda usado nos dias de hoje, é crucial porque o patriarcado funciona por meio de relações pessoais entre dominadas e dominadores, relações essas que não são questionadas, pois estão no âmbito privado — e a instituição da família é parte disso. É como aprendemos em um ditado popular que passa de geração em geração por todas as classes sociais: “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. Outro âmbito em que esse termo é pertinente é na problematização de nossas próprias práticas, pois estamos condicionadas a reproduzir nossa própria opressão ou emular dominação umas com as outras, já que fomos criadas sob a lógica de dominação e submissão, e não possuímos referências de como nos relacionarmos para além disso.

Por isso, o feminismo lésbico questiona inclusive práticas sexuais, pois elas também são construídas dentro do patriarcado, bem como o nosso prazer, que também é socialmente construído. O movimento LGBT tenta barrar essa reflexão, celebrando qualquer prática sexual independentemente do que signifique politicamente, e acusar o feminismo lésbico de ser “antissexo” por questioná-las. A impossibilidade de se analisarem práticas sexuais e o prazer sexual torna impossível a libertação das mulheres. A partir do discurso LGBT, o prazer sexual — e apenas ele — é a forma de medir se uma prática sexual é saudável ou não. Ignora-se que o patriarcado constrói nossa sexualidade para a erotização da submissão e da dominação, o que faz com que precisemos analisar politicamente o significado do nosso prazer. O movimento LGBT celebra o BDSM como prática saudável e consentida, ignorando que erotização de violência é mais da mesma lógica patriarcal. Audre Lorde, escritora, poeta e feminista lésbica negra, explica:

O conceito sadomasoquista de sexo “baunilha” é sexo desprovido de paixão. Eles estão dizendo que não pode haver paixão sem poder desigual. Isso parece muito triste e solitário para mim, e destrutivo. A ligação da paixão a dominação/subordinação é o protótipo da imagem heterossexual das relações homem-mulher, que justifica a pornografia. As mulheres deveriam amar ser brutalizadas. Essa também é a justificativa prototípica de todos os relacionamentos de opressão — em que o subordinado que é “diferente” desfruta da posição inferior. O movimento gay masculino, por exemplo, investe na distinção entre pornografia gay sadomasoquista e pornografia heterossexual. Os gays podem se dar ao luxo de não ver as consequências. Nós, como mulheres e feministas, devemos examinar nossas ações e ver o que elas implicam, e no que elas são baseadas. Como mulheres, fomos treinadas para seguir. Devemos olhar para o fenômeno sadomasoquista e educar a nós mesmas, e ao mesmo tempo estarmos cientes das complexas manipulações externas e internas.
Audre Lorde em Sadomasoquismo: não é sobre condenação (1988)

Segundo a mesma lógica do prazer como algo blindado de críticas, o movimento LGBT se recusa a analisar a indústria do sexo[11] enquanto exploração sexual de mulheres pobres e racializadas, apesar das inúmeras análises feministas sobre o assunto — que são “rebatidas” com acusações de moralismo e conservadorismo. É mais uma amostra do quanto se negligenciam as pautas cruciais à vida das mulheres, compradas e vendidas como coisas na pornografia e na prostituição.

Reprodução de estereótipos e heterossexualidade compulsória

Nós somos lésbicas e feministas. Consideramos em nossas análises a vida e a sexualidade de todas as mulheres porque acreditamos que toda mulher pode ser uma lésbica que não teve a oportunidade de vivenciar a lesbianidade. É nosso interesse libertar todas as mulheres da heterossexualidade compulsória e é nosso dever pensar que há, sim, mulheres lésbicas aprisionadas pela falácia da liberdade sexual, na escravização promovida pela indústria do sexo e na escravização das instituições masculinistas. Temos companheiras, amigas e irmãs lésbicas inseridas no movimento LGBT deixando que suas pautas sejam apropriadas pelo liberalismo; temos companheiras e irmãs lésbicas que cobram para que homens tenham acesso aos seus corpos, que consomem pornografia, que nesse momento estão casadas com homens, se rendendo a chantagens emocionais e constantes estupros. É nosso interesse libertá-las e libertar a nós mesmas das amarras promovidas pela nossa socialização para que cumpramos com nossos papéis sexuais.

A lésbico/homossexualidade vivida por uma pessoa, cuja mente e corpo estão impregnados (colonizados) de ideologia patriarcal essencialista, não é uma experiência libertadora por si só, já que reproduz a ordem simbólica/valórica patriarcal, reproduz a propriedade sobre as pessoas e reproduz o sistema amor/ódio patriarcal.
Margarita Pisano em O amor homo/lésbico, no livro Deseos de cambio, o… ¿el cambio de los deseos? (1995)

Pisano afirma, novamente, que estar numa relação lésbica ou gay não faz com que se esteja, de forma automática, subvertendo a lógica patriarcal. A transgressão por si só, como apontou Jeffreys, não é revolucionária. Além das práticas sexuais, existem práticas de comportamento nas relações lésbicas e gays que são reprodução da lógica de poder patriarcal: a masculinidade e a feminilidade.[12]

Na mesma prática de preservar o espaço do privado enquanto livre de politização, a reprodução de feminilidade e masculinidade dentro de relacionamentos homossexuais e lésbicos é vista como algo natural, uma prática LGBT comum e livre de questionamentos. Enquanto o movimento de libertação gay dos anos 1960 entendia que precisava acabar com a masculinidade e o movimento feminista incentiva mulheres a abandonar a feminilidade, o movimento LGBT hoje celebra papéis sexuais que reproduzem heterossexualidade dentro de relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. É a lógica ativo/passivo, predador/presa, butch/femme, dominação/submissão novamente erotizada e naturalizada.

Quando não reivindicam hipermasculinidade, homens gays comumente emulam a feminilidade. Marilyn Frye também analisa a reprodução de feminilidade teatral de homens gays como um escárnio às mulheres “tradicionais”. Criar um espetáculo baseado num mecanismo de dominação das mulheres, como fazem os drag queens[13], por exemplo, é ressaltar que homens gays, por mais que o reproduzam, nunca serão os afetados por esse mecanismo, que estão isentos de serem forçados a esse papel como são as mulheres. Novamente: a transgressão é um deleite dos poderosos.

Nesse mesmo texto sobre o amor homolésbico, Margarita Pisano lembra que o coletivo homossexual masculino acaba incorporando os papéis de masculino e feminino em suas vivências, quando aludem ao estereótipo do que é o feminino — o ridículo e humilhável. Não à toa temos vários gays que julgam os afeminados, as bichas, os incontroláveis, os chamativos como menos homens. São os passivos, os bicha-quebra-louça que não conseguem se manter no armário, ser discretos. Dessa forma, acabam enaltecendo a construção patriarcal da masculinidade, quando homens direcionam seus desejos, atenções e erotismos a outros homens. Isso é algo que Marilyn Frye já dizia em seu texto crítico ao movimento gay:

A cultura gay masculina também é homoerótica. Não há quase nada que sugira qualquer extensão de amor às mulheres, e todos os elementos de paixão e vínculo, incluindo todos os tipos de prazer sensual e desejo, estão colocados abertamente em suas relações entre machos. O amor entre homens é, apenas, mais transparente para os amantes e mais completo para homens gays do que para homens heterossexuais.
Marilyn Frye em Feminismo lésbico e o movimento de direitos dos gays: outra visão da supremacia masculina, outro separatismo (1983)

Ainda sobre a reprodução de estereótipos e a assimilação de papéis sexuais, o entendimento de “gênero” — e a exaltação da palavra — que o LGBT promove é incompatível com o feminismo. Em vez de ser identificado como o mecanismo de dominação das mulheres, ele é propagado como performance, identidade, essência — ou seja, se você tem comportamentos considerados ligados a um papel sexual que não corresponde ao seu sexo biológico, o movimento LGBT te encoraja a se reivindicar do sexo oposto ou a inventar uma nova categoria pra si mesmo (uma nova “identidade de gênero”[14]). Como foi visto, as feministas e lésbicas que teorizaram a dominação masculina nem utilizavam esse termo: o que se chama de gênero hoje, dentro do feminismo, era chamado de papel sexual.

Gradualmente, termos mais antigos para descrever esse sistema, tais como dominação masculina, classe sexual e casta sexual, saíram de moda e, consequentemente, se apagou a identificação direta dos agentes responsáveis pela subordinação de mulheres — os homens — , estes não poderiam mais ser nomeados. O gênero, como um eufemismo, deu sumiço nos homens como agentes responsáveis pela violência masculina contra mulheres, a qual é comumente referida como “violência de gênero”. Cada vez mais o termo “gênero” é usado, em formulários oficiais e legislação, por exemplo, para ficar no lugar do termo “sexo”, como se “gênero”, por si mesmo, fosse biológico, e esse uso tem destruído o entendimento feminista de gênero.
Sheila Jeffreys em Gender hurts (2014)

Essas diferenças, por si só, já tornariam o movimento LGBT incompatível com o movimento feminista, na medida em que se tem a ausência de análise da opressão das mulheres com um liberalismo identitário exacerbado, que esvazia os pontos-chave de que a luta feminista precisa para existir (como a definição do que é uma mulher); mas as consequências disso potencializam ainda mais o problema: essa lógica não admite a sexualidade como ela sempre existiu, ou seja, baseada em sexo. Jeffreys (1993) nos lembra que aqueles que não conseguem compreender os detalhes da opressão das mulheres acabam interpretando gênero como uma espécie de jogo, o que pode ser bem interpretado no ambiente LGBT, mas nunca pelas feministas, que pensam os papéis sexuais de forma séria e comprometida.

Com jogo, Jeffreys se refere à defesa da sexualidade baseada em “gênero”, o que quer dizer que você precisa se sentir atraído pela pessoa a partir de como ela se reivindica, não a partir de, dentre outros fatores, seu sexo biológico. Dessa forma, interpretamos o movimento LGBT como lesbofóbico: por não admitir o lesbianismo, a prática de amar e se relacionar exclusivamente com mulheres, ao considerá-lo uma prática exclusionária em relação a homens que se reivindicam do “gênero” feminino. Isso significa que mulheres lésbicas não podem mais reivindicar sua atração a pessoas do sexo feminino sem serem acusadas de opressoras por não incluir pessoas do sexo masculino.

Esse fenômeno é chamado de teto de algodão[15], sendo algodão uma alusão à barreira que é a calcinha de mulheres lésbicas ao acesso masculino. O movimento LGBT, ao defender que lésbicas são obrigadas a se atrair por pessoas de ambos os sexos, pratica o aliciamento ao estupro corretivo; mulheres lésbicas cedem à pressão de serem acusadas de opressoras e incluem pessoas do sexo masculino dentro de suas possíveis parcerias sexuais. O movimento LGBT não nos inclui, nem nunca poderia incluir.

A análise da realidade desde a cultura vigente e suas propostas é uma realidade que não existe para nós, é uma realidade em que nunca estivemos, nem estaremos, nem estamos, nem nos pertence como análise, por isso devemos revisar muito cuidadosamente a necessidade de aderir-nos a qualquer análise ou proposta de mudança que não provenha de nós mesmas, recuperar nossas próprias reflexões, nossa própria história política, pois obviamente não temos os mesmos interesses de outros grupos marginalizados; podemos fazer alianças circunstanciais, mas não deixar que nosso discurso seja tomado por outros, que se perca em outros.
Margarita Pisano em O triunfo da masculinidade (2001)

O movimento LGBT atual ignora o que lésbicas escreveram e teorizaram sobre sua própria opressão. Barra o acesso de lésbicas e mulheres bissexuais integrantes do movimento a esse conhecimento. Acusa de opressora qualquer uma que ouse discordar das inúmeras práticas misóginas que carrega. Retira das mulheres a autonomia de definir a própria natureza. Não há como não defini-lo como backlash (retrocesso) — a reação do patriarcado ao movimento de libertação das mulheres.

Mulheres, abandonem o movimento LGBT. Priorizem a si mesmas. Não gastem suas energias reivindicando inclusão num movimento essencialmente liberal — e focado em homens. Reconheçam o backlash. Não tenham medo de serem acusadas de opressoras por pleitear um feminismo que não inclui pessoas do sexo masculino. Mulheres já são odiadas e sempre serão até que o patriarcado seja derrubado, e o único caminho realmente revolucionário é o do feminismo radical. Subvertam a feminilidade — não pratiquem a maternagem de toda e qualquer pessoa que se reivindica oprimida. Empatizem com outras mulheres. Não deem ouvidos à culpa que não lhes pertence.

Mulheres, abandonem o movimento LGBT. Estudem feminismo lésbico. Honrem as que vieram antes de vocês.

Mas a verdadeira feminista lida com uma consciência lésbica, tenha ou não qualquer vez dormido com uma mulher.
Audre Lorde em An Interview With Audre Lorde, por Karla Hammond (1980)

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Texto republicado em 12/04/2021, em conjunto com Fêmea Brava. Ele também está disponível na Revista Entendidas.

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[1] Para ler mais sobre materialismo no que diz respeito às mulheres, veja Gênero e materialismo, de Feminismo com Classe. Disponível aqui. Acesso em: 10 abr. 2021.

[2] Para ler mais sobre heterossexualidade compulsória, veja Heterossexualidade compulsória e existência lésbica, de Adrienne Rich. Disponível aqui. Acesso em: 10 abr. 2021.

[3] Organização fundada nos anos 1960, nos EUA. Em tradução livre, “Organização Nacional pelas Mulheres”.

[4] Para ler mais sobre casamento sob uma ótica feminista, veja:
O casamento deve ser abolido, de Julie Bindel. Disponível aqui. Acesso em: 10 abr. 2021.
A necessidade de abolir o casamento, de Sheila Jeffreys. Disponível aqui. Acesso em: 10 abr. 2021.

[5] Para ler mais sobre a construção social da sexualidade, veja Lesbianismo político — definições e aplicações, de Fúria Raiz. Disponível aqui. Acesso em: 10 abr. 2021.

[6] Para ler mais sobre o inatismo da sexualidade, veja Crítica ao determinismo biológico para sexualidade, de Sheilla Jeffreys. Disponível aqui. Acesso em: 11 abr. 2021.

[7] Para ler mais sobre ameaças de ativistas do movimento LGBT a mulheres, veja Twitter e a misoginia, de Furiosa. Disponível aqui. Acesso em: 12 abr. 2021.

[8] Para ler mais sobre a disputa entre mulheres lésbicas e bissexuais, veja Rivalidade feminina e sexualidade, de Fúria Raiz. Disponível aqui. Acesso em: 11 abr. 2021.

[9] Para ler mais sobre a crítica feminista à família, veja A família no contexto europeu, de Jineoloji. Disponível aqui. Acesso em: 10 abr. 2021.

[10] Para ler mais sobre barriga de aluguel, veja Questões de poder e direitos na maternidade sub-rogada, de Susan Hawthorne. Disponível aqui. Acesso em: 10 abr. 2021.

[11] Para ler mais sobre a crítica feminista à indústria do sexo, indicamos a edição A indústria do sexo é uma máquina de moer mulheres: e são os homens que estão no controle, da QG Feminista. Disponível aqui. Acesso em: 11 abr. 2021.

[12] Para ler mais sobre masculinidade e feminilidade, veja A feminilidade como sujeição à masculinidade, de Fêmea Brava. Disponível aqui. Acesso em: 11 abr. 2021.

[13] Ver Transgenerismo, transvestismo, drag-queen e cross-dressing, de Sheyla Jeffreys. Disponível aqui. Acesso em: 11 abr. 2021.

[14] Para ler mais sobre identidade de gênero, veja Por que identidade de gênero é um conceito antifeminista?, de Fúria Raiz. Disponível aqui. Acesso em: 11 abr. 2021.

[15] Para ler mais sobre teto de algodão, veja Não é não! — mas só até a página dois, de Bruta Letra. Disponível aqui. Acesso em: 11 abr. 2021.